Vejam só como são as coisas no Brasil…
O presidente Michel Temer mal se lançou candidato à reeleição e já tomou uma invertida da procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, que ele mesmo indicou para o cargo em substituição a Rodrigo Janot, seu algoz no ano passado, com duas denúncias encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que acabaram rejeitadas na Câmara.
A pedido de Dodge, o ministro Luís Roberto Barroso determinou a prisão temporária de dois amigos muito próximos a Temer, o advogado José Yunes, ex-assessor do Planalto, e o coronel aposentado da PM paulista João Baptista Lima Filho, dono da Argeplan e um dos operadores das campanhas do MDB; além do ex-ministro e ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) Wagner Rossi e de vários empresários que atuam no porto de Santos. Eles são acusados de montar um esquema de propina para a edição de decreto, assinado por Temer no ano passado, que teria sido feito sob medida para beneficiar empresas do setor portuário, entre elas a Rodrimar e o grupo Libra. O Planalto nega.
Michel Temer também é investigado no caso.
A turma foi solta no fim de semana, a pedido da PGR, que entendeu que o objetivo das prisões (colher depoimentos e evitar a destruição de provas) já havia sido cumprido.
Contudo, o maior temor do governo é que o cerco seja parte de um processo em gestação na Procuradoria para a apresentação de nova denúncia contra o presidente, a terceira.
Qual o risco?
Desta vez, em plena campanha eleitoral, e com recursos escassos, seria mais difícil angariar 172 deputados para sepultar a ação.
Da mesma forma, caberia à oposição e aos desertores muy aliados colocar em plenário 342 parlamentares para aceitar a denúncia e afastar Michel Temer por até 180 dias, para que o STF o julgasse criminalmente.
Mas se isso viesse a ocorrer, quais os desdobramentos a seguir?
Bem, há controvérsias.
O primeiro na linha sucessória é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele também se declara presidenciável e poderia assumir o cargo e tentar a reeleição com a caneta da máquina federal na mão. Mas muita gente acredita (até mesmo seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia) que sua candidatura é apenas um balão de ensaio para tentar impulsionar a eleição para deputado federal, com o intuito de se reeleger também para a presidência daquela Casa legislativa. A conferir.
Nesse caso, se Maia se recusar a assumir o imbróglio, sobraria para o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que possivelmente também tiraria o corpo fora, porque pretende retornar a Brasília com o mandato de senador.
A seguinte na fila é a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia. Ocorre que ela só permaneceria no posto até setembro, quando será substituída pelo ministro Dias Toffoli, ex-advogado do PT e ex-advogado-geral da União do governo Lula.
Ou seja, não é de todo desprezível a possibilidade de Toffoli ser presidente da República até o fim do ano.
Durma-se com um País desses.
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