Os brasileiros que como eu são, digamos, vintages, devem se lembrar daquele famoso personagem do Jô Soares, um general gaúcho que havia ficado seis anos em coma por conta de um acidente de carro, ocorrido logo depois da posse de seu amigo João Baptista de Oliveira Figueiredo. Quando ele recobrava a consciência e o médico lhe narrava as notícias do Brasil de então, ele dizia que não queria mais viver: “Me tirem o tubo!”, gritava, se referindo aos equipamentos que o mantinham vivo. No final, quando percebia que tudo tinha mudado, sem mudar coisa alguma, relaxava: “Me deixem o tubo”. Fico imaginando como reagiria se acordasse nestes tempos modernos e lhe contassem alguns fatos, relatados, por exemplo, no meu Relatório Diário de Análise de Imprensa de hoje; para não falar de todo o noticiário dos últimos dias, meses e anos desde 1985. Alguns destaques: Cármen Lúcia assume a Presidência da República na sexta-feira, Lula está preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o MDB virou um Quadrilhão, acusado de ter recebido R$ 10 milhões da Odebrecht, a Infraero vai ser privatizada pelo presidente Michel Temer com o objetivo de cobrir parte de um rombo fiscal bilionário. Mais surreal que o Brasil é mesmo impossível. Sim, concordo, a realidade atual, por si só, não tem a menor graça. Que falta nos faz o Jô!
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