Noam Chomsky no Roda Viva: o pensamento anarco-sindicalista da esquerda americana

  • Por:Ibsen Costa Manso
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Estes dias recebi um email muito elogioso de um desconhecido, via canal “Críticas e Sugestões” do site da minha Consultoria.

Dizia respeito a um Roda Viva, na TV Cultura, do qual tive a honra de participar: “Vendo a entrevista do Noam Chomsky, no Roda Viva de 1996 ( que está no Youtube), sua forma de entrevistar me impressionou“, disse o agora bom amigo Othon Euler.

Fiquei pensando o que levaria alguém a revisitar uma entrevista concedida há 22 anos. Estaria ainda atual?

A curiosidade me arrebatou.

Descobri que a TV Cultura havia subido o vídeo no Youtube há pouco tempo, no final do ano passado. Provavelmente veio daí o recente interesse.

Lembro-me muito bem daquele dia, mas confesso que a memória quase sexagenária, embora ainda muito boa, não poderia mesmo permitir a lembrança do conteúdo.

Resolvi rever o programa todo, que tem mais de uma hora e meia de duração.

Foi um choque!

É muito, muito interessante mesmo,  conhecer o pensamento de um dos maiores intelectuais da esquerda americana de todos os tempos.

O que mais me impressionou foi contatar que, passadas mais de duas décadas, ainda é atualíssimo ― porque o mundo pouco mudou.

A não ser, claro, a revolução da tecnologia e dos meios digitais, além do fenômeno da China.

Chomsky fala de tudo um pouco. De Marx, da Internet (naquele tempo ainda elitizada), do Brasil, da América Latina, das relações econômicas entre os países, do poder de domínio político das grandes corporações transnacionais, da necessidade de regulamentação e popularização da mídia, com uma profundidade e clareza inacreditáveis.

Conta dede a sua vida na infância, discorre sobre a história de evolução do pensamento da esquerda norte-americana, do trabalhismo. Em certo ponto, já no final, confessou que já votou até em candidatos republicanos.

Sim, Chomsky é pragmático. E também polêmico.

Hoje com 89 anos, considerado pai da linguística moderna, professor do MIT, ficou mundialmente conhecido ao se tornar um dos principais ativistas contra a guerra do Vietnam.

Tem propostas anárquicas, no sentido político clássico. Defende a construção de um “Grande Estado”, para que seja possível ser demolido depois pelos trabalhadores. Define-se como “anarco-sindicalista”.

Judeu, é crítico feroz do governo de Israel, que considera um enclave dos Estados Unidos no Oriente Médio.

Fui um dos organizadores daquela visita ao Brasil, para o lançamento de um dos seus muitos best sellers.

Durante meses trocamos emails para acertar os detalhes. Estive com ele em diversas oportunidades aqui.

É um homem simples, sincero, nada tem de arrogância ou afetação intelectual, tão comum em seu meio. Isso fica patente na entrevista.

Apesar de radical, não é ríspido nem agressivo.

Pode-se discordar de suas ideias. Eu mesmo discordo em vários pontos. Mas não há como negar sua extraordinária inteligência, cultura e pensamento lúcido.

Nestes tristes tempos que vivemos, de tanta intolerância, ódio e polarização política, foi um bálsamo para mim revê-lo, professor.

Para quem tiver tempo neste feriado de Primeiro de Maio, recomendo fortemente assistir.

Se não para concordar com pelo menos parte de seus conceitos e propostas, vale muito a pena para entender como pensa a esquerda de verdade.

Clique aqui para ver o programa.

 

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