O que dizer da eleição de Donald Trump e das pesquisas de opinião?

  • Por:Ibsen Costa Manso
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Boa parte do mundo acordou de ressaca hoje, principalmente no mercado financeiro, com o resultado da eleição nos EUA. Em outras cercanias, como em redutos republicanos e na Rússia, por exemplo, a escolha de Trump foi recebida com júbilo. Coisas da democracia.

 

Não me cabe julgar nem tecer comentários sobre os fatores que levaram à derrota de Hillary Clinton, o perfil dos dois candidatos, as crenças e valores de ambos os partidos, bem como dos eleitores estadunidenses.

 

Política americana não é minha especialidade, este blog trata basicamente de política nacional e eu já tenho muita dificuldade para tentar entender e explicar nossas próprias mazelas para clientes, no Brasil e no exterior. E até porque grandes entendidos em América estão atônitos até agora.

 

Mestre em discursos e palestras, psiquiatra, escritor, Roberto Shinyashiki postou um vídeo muito interessante hoje no Youtube, com três lições que devemos aprender com essa vitória “inesperada”.

 

Queria me deter apenas sobre um dos temas que circulam por aí, que deu origem a comentários e novas críticas aos erros dos institutos de pesquisa em suas previsões.

 

Já escrevi em outras oportunidades a respeito da minha visão sobre as pesquisas eleitorais feitas aqui, lembrando que as diversas metodologias utilizadas são praticamente universais.

 

Engana-se quem confunde esses levantamentos como um retrato fidedigno do que surgirá das urnas no futuro. São apenas um raio X de determinado momento. O importante, como sempre digo em minhas apresentações é observar as tendências.

 

E é exatamente aí que a coisa pegou desta vez.

 

A maioria das pesquisas divulgadas não captou o movimento de ascensão de Trump. Ao contrário, apontaram para um crescimento de Hillary nos últimos dias. Mesmo trackings que recebi ontem, principalmente da Flórida (trackings são pesquisas telefônicas diárias, excelentes para traçar tendências, com médias móveis, podendo ser realizadas até no dia da eleição) davam como certo que a candidata democrata seria próxima ocupante da Casa Branca. Deu no que deu.

 

Um dos poucos a acertar a mão, senão única exceção, foi o Los Angeles Times, que foi a campo em parceria com a University of Southern California, utilizando uma metodologia diferente para ponderar os dados, levando em consideração também aspectos peculiares do comportamento dos eleitores. Há meses o jornal vinha dando Trump vários pontos acima do que era mostrado pela concorrência. Paradoxalmente, a publicação havia declarado apoio a Hillary.

 

Isso me leva novamente à conclusão que o problema não está nas pesquisas em si, mas sim na volatilidade de muitos eleitores, que mudam de opinião até mesmo com a cédula na mão, ou à frente do teclado da urna eletrônica, como já cansamos de ver por aqui.

 

A metodologia que consegue melhor captar as aspirações, que “lê” a alma do eleitorado, tem mais chances de sucesso, portanto.

 

Nos EUA há o clássico conceito dos chamados “Swing States”, estados que ora preferem os republicanos, para na eleição seguinte votar nos democratas. São esses “indecisos” que sempre acabam mudando o rumo da história.

 

E isso, é bom ressaltar, em um país em que o voto não é obrigatório.

 

Talvez um dia os estudiosos saibam explicar o que aconteceu de fato. Se, por exemplo, latinos naturalizados e/ou com residência legal, desempregados em geral, de todas as raças, etc., preferiram acreditar no discurso xenófobo em favor de uma América só para os americanos, com a implantação de uma reserva de mercado para o emprego.

 

Por enquanto, minha esperança é que Donald Trump não incendeie o mundo e faça um bom governo, não apenas para seu povo.

 

Ok, não foi o que ele prometeu na campanha. Mas como se diz no soccer, “treino é treino, jogo é jogo”.

 

A conferir.

 

Clique aqui para ver o vídeo de Roberto Shinyashiki

Clique aqui para ler reportagem sobre a pesquisa do Los Angeles Times

Postado em: Política, Posts

Comentários

Uma resposta para “O que dizer da eleição de Donald Trump e das pesquisas de opinião?”

  1. Cristina Pinheiro Lima Rosa

    Espero como você, que treino seja treino e que o jogo seja diferente!!! Milagres são raros mas existem… estou esperando um nesse caso!!!

    9 de novembro de 2016 - 19:28 #

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