Dilma já era? E agora, Michel?

  • Por:Ibsen Costa Manso
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Na semana passada, enviei o meu Relatório Mensal aos clientes, com as perspectivas sobre a votação do impeachment e os meses que se seguirão. Se de um lado pode haver alívio na economia, de outro a crise política ainda vai longe, mesmo com o afastamento definitivo de Dilma Rousseff. A Lava-Jato não deve dar trégua a políticos tanto do governo como da oposição. Como já escrevi em outras oportunidades, o País só deve começar a entrar nos eixos de verdade depois das eleições, dependendo de quem for eleito e se houver uma reforma política digna desse nome. O primeiro parágrafo do relatório resume o clima a partir deste mês:

“Agosto, finalmente. Como de costume, maus augúrios pairam na política brasileira. Principalmente para o PT e a presidente afastada Dilma Rousseff; mas também para o governo Michel Temer ― seja pela possibilidade, embora hoje muito remota, de Dilma retomar o poder, seja pelas dificuldades que enfrentará de agora em diante e até 2018.”

Diariamemente, meus clientes também recebem um relatório de Análise de Imprensa, que não é um clipping, uma lista com todas as notícias, mas sim um breve resumo das principais informações contidas em reportagens de jornais, colunas, editoriais etc., e comentários sobre seus possíveis desdobramentos. Hoje o noticiário foi bem relevante, com fatos e definições sobre as próximas votações no Congresso e para a eleição municipal de São Paulo. Aproveito esta oportunidade, então, para compartilhar o texto com vocês neste espaço.

 

ANÁLISE DE IMPRENSA

A transformação em ré da presidente afastada, Dilma Rousseff, no processo do impeachment é o principal destaque nos jornais. Exceção para o Valor, que fechou sua edição antes do final da sessão de votação no Senado, que entrou pela madrugada de hoje. A sinalização é que, salvo imprevistos, Dilma está com seus dias contados. O resultado de 59 votos a favor e 21 contrários revela que o impeachment conta hoje com o apoio de pelo menos 5 senadores a mais do que o necessário para o afastamento definitivo da presidente. Dilma não só deixou de conquistar o voto de parlamentares que se diziam indecisos, ou não haviam participado quando da votação da admissibilidade do processo, como perdeu espaço. O senador João Alberto (PMDB-MA), que em maio havia votado contra o impeachment, mudou de lado. Agora o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que comanda as sessões de julgamento, definirá das próximas datas para a continuidade do processo. A votação final deve ocorrer ainda este mês. Para hoje, está prevista a divulgação de uma carta aberta de Dilma aos senadores, contendo sua defesa e a proposta de um plebiscito para a convocação de novas eleições. A proposta, além de inócua, chega com atraso fatal. À noite, o ex-presidente Lula se reúne em Brasília com as bancadas do PT na Câmara e no Senado. Com o iminente e praticamente certo desfecho do impeachment de Dilma, o assunto da conversa deve se voltar para as eleições municipais de outubro e a sobrevivência do partido.

Na semana passada, o presidente do Tribunal Superior eleitoral, Gilmar Mendes, pediu abertura de investigação sobre o envolvimento da legenda no recebimento de propinas no esquema da Petrobras. A ação pode levar à extinção do PT. Ontem, a juíza corregedora do TSE, Maria Thereza de Assis Moura, solicitou, pelo mesmo motivo, a abertura de processo contras dois outros partidos: PMDB e PP (O Globo, Estadão e Valor). A conferir.

Os jornais também noticiam que a sessão para a votação do processo de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deve ficar mesmo para setembro. Há o temor generalizado de que a eventual perda do mandato do ex-presidente da Câmara poderia atrapalhar a votação do impeachment.

Há também amplo espaço para o registro da absolvição do deputado Celso Russomanno (PRB-SP) no STF, que era acusado de peculato, em razão da contratação de uma funcionária da Câmara para sua produtora em São Paulo. Com a decisão, Russomanno fica liberado para disputar a eleição paulistana. Ele é o favorito em todas as pesquisas.

O governo mais uma vez recuou na questão das contrapartidas exigidas dos Estados para a renegociação das dívidas. Depois do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ter afirmado que havia chegado a um acordo para votação das medidas, governadores e a base aliada do governo reagiram. O presidente Michel Temer foi acionado e de novo voltou atrás na decisão. Os Estados vão poder conceder aumentos reais para o funcionalismo. As negociações avançaram noite adentro. Há boas reportagens sobre os bastidores em todos os jornais. O texto base do projeto foi aprovado no início da madrugada de hoje. Ainda falta a votação de destaques, prevista para ser realizada agora de manhã. A proposta segue então para o Senado. Já a PEC do teto de gastos foi aprovada na CCJ da Câmara e tem de passar por uma comissão especial antes de chegar ao plenário. Se aprovada por 3/5 dos deputados, será encaminhada ao Senado, para nova votação, em dois turnos.

 

 

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