O mundo do impeachment é uma aldeia global

  • Por:Ibsen Costa Manso
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O conceito do mundo globalizado, interligado pelas novas tecnologias da informação, foi elaborado, na década de 60, pelo professor da Universidade de Toronto Herbert Marshall McLuhan. Acabou incorporado como slogan pela TV Globo, alguns anos mais tarde.

A transmissão ao vivo e a telefonia via satélite foram apenas o primeiro passo nessa transformação. Com o advento do celular multimídia e das redes sociais, aquele que antes era um mero espectador da informação passou a ser protagonista na formação da opinião global.

Hoje, somos todos participantes do Big Brother, o de George Orwell. Nestes últimos dias, especialmente, é a classe política que está na berlinda, sob os potentíssimos holofotes digitais.

A enorme proliferação dos blogs e de perfis no Facebook, Instagran, LinkedIn, Twitter, canais no Youtube, etc., ampliou de forma exponencial a cobertura dos eventos políticos em curso. Uma enxurrada de informações, de toda sorte de fontes, algumas não muito confiáveis, está acessível nas mais diversas plataformas e em tablets, computadores portáteis, celulares.

Esse fenômeno é o principal diferencial, em termos de impacto na opinião pública, na comparação entre o atual processo de impeachment, e o que ocorreu, em 1992, quando do impedimento do ex-presidente Fernando Collor.

Naquela época, havia apenas a cobertura da mídia tradicional. O jornalismo online e em tempo real, como se conhece hoje, inexistia. A capa impressa da Veja, com a bombástica entrevista de Pedro Collor, representou o tiro de misericórdia fratricida. Os celulares eram enormes e pesados tijolos; poucos tinham acesso a eles. As transmissões ao vivo das sessões no Congresso não permitiam qualquer tipo de interatividade. A relação dos nomes dos parlamentares que votaram naquele fatídico 30 de dezembro, praticamente só foi conhecida nas páginas dos jornais do dia seguinte.

Tudo mudou.

Painéis com fotos dos deputados e declarações de voto a favor ou contra o impeachment de Dilma são atualizados a todo o momento. A pressão é continua sobre os parlamentares, por meio de emails, ligações em seus celulares pessoais, torpedos, mensagens no WhatsApp, posts nas redes sociais, etc.. As TVs e as rádios estão no 24 horas, com notícias e publicações de mensagens e opiniões dos telespectadores enviadas pelo Twitter.

Experientes jornalistas e blogueiros, plugados nos fatos, como Ricardo Noblat, Jorge Bastos Moreno e Fernando Rodrigues atualizam seus seguidores em tempo real com informações exclusivas dos bastidores.

Desde ontem, por exemplo, Fernando Rodrigues passou a divulgar um incrível levantamento da consultoria digital Bites, que acompanha a situação dos votos declarados nos perfis dos deputados no Twitter e no Facebook, além de coletar entrevistas na mídia impressa. O placar atual pode ser visto no link http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2016/04/16/redes-sociais-mostram-grupo-pro-impeachment-estavel-e-no-limite-de-342/.

(atenção: o texto do link poderá mudar a qualquer momento, ao sabor dos números)

Qualquer pessoa hoje pode gravar no celular um deputado antecipando o seu voto a favor ou contrário ao impeachment; e torná-lo público no Youtube.

Com tudo isso, como explicar depois uma eventual mudança na posição declarada e exposta mundo afora?

Nestas últimas horas que antecedem a votação na Câmara, prevista para terminar na noite deste domingo, é enorme a pressão sobre os parlamentares ainda indecisos.

Eles carregam nas costas não o apenas mundo real das negociações e barganhas, mas também, e principalmente, todo o peso do infinito universo virtual.

 

(publicado no LinkedIn em 16/04/2016 )

Postado em: Política, Posts

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