Recordar é viver

  • Por:Ibsen Costa Manso
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Recebi de amigos brincalhões esta reprodução abaixo, de uma das edições históricas da Folha, de 9 de setembro de 1992, sobre o processo de impeachment de Collor. Lembro-me daqueles dias como se fosse hoje. Vale a pena a leitura dos arquivos dos jornais. No passado, como agora, as discussões são quase as mesmas. Collor questionou no STF a tramitação seguida na Câmara, considerada inconstitucional pela sua defesa. Um golpe, dizia elle.

 

Folha 2

Em 29 de dezembro, Collor acabou renunciando, um dia antes do julgamento, que foi mantido pelo Senado. Sofreu o impeachment e perdeu os direitos políticos por oito anos. Depois, o STF o absolveu dos crimes comuns praticados. Não porque fosse inocente — mas sim por falhas processuais.

Um dia após a autorização da abertura do processo na Câmara, em 29 de setembro, quando Collor foi afastado do cargo temporariamente, a Folha colocou um “chapéu” na capa (texto com destaque no topo da página): “Vitória da democracia”.

Collor havia sido eleito com 53% dos votos, proporcionalmente mais do que os 54 milhões de eleitores que reelegeram Dilma em 2014.

Os dois casos são bem diferentes e os tempos são absolutamente outros. Tratarei disso em um próximo post. Contudo, é interessante observar novamente como a história por vezes se repete, pelo menos em parte. Marx tem uma frase máxima a respeito desse fenômeno: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. A conferir.

Para os mais novos, uma explicação: o Ibsen da manchete não sou eu, obviamente. Acreditem, há outros. Poucos, mas há. Esse, que fez por merecer a primeira página, é o Ibsen Pinheiro, ex-deputado pelo PMDB gaúcho, que presidiu a Câmara durante o processo de impeachment de Collor. Ex-procurador gaúcho, tornou-se famoso. Depois foi investigado  na CPI dos Anões do Orçamento por envolvimento em corrupção. Com o mandato cassado, virou um pária. Anos depois, teve sua inocência publicamente reconhecida.

Naqueles seus bons tempos, eu era então um jovem editor de política na TV. Quando nos falávamos, me chamava divertidamente de xará, coisa rara em nossas vidas. Em um reencontro inesperado no plenário da Câmara, há uns cinco anos, retribuí a ele o tratamento carinhoso. Memórias, memórias enquanto ainda as tenho.

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