Bomba, bomba em Brasília!

  • Por:Ibsen Costa Manso
  • 0 Comment

Hoje de manhã, de volta de Brasília, fiz uma conferência telefônica sobre o cenário político atual para mais de 100 clientes no Brasil e no exterior.

Justo neste dia, quis mais uma vez o destino. O STF transformou em réu o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no processo contra ele por corrupção no esquema da Petrobras. E em plena cerimônia de posse de novos ministros no Planalto, uma bomba caiu sobre a Esplanada. A IstoÉ antecipou a capa da revista do fim de semana com o conteúdo de suposta delação premiada do senador Delcício Amaral (PT-MS).

Segundo a reportagem, em depoimento dado em Curitiba aos investigadores da operação Lava Jato, Delcídio teria envolvido a presidente Dilma, o ex-presidente Lula, o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso e ministros dos tribunais superiores, entre outros, nas tentativas de interferir nas investigações. Há também diversas acusações no material obtido pela revista, como por exemplo, de participação direta de Dilma nas irregularidades encontradas na compra da refinaria de Passadena.

A repercussão foi imediata, reacendendo o pavio do impeachment. No entanto, como diz a sabedoria popular, há que se ter muita calma nessas horas.

Em primeiro lugar, revista não é necessariamente prova. Deve-se inicialmente verificar a veracidade do documento publicado. Depois, deve-se aguardar para ver se Delcídio Amaral confirmará essas acusações. Sim, porque ele pode dizer que estava preso há meses, deprimido, que falou sob forte emoção; e que trocou as bolas. Se forem confirmadas as denúncias, Delcídio terá de provar o que disse. Ou as investigações que se seguirem eventualmente o farão.

Atônito num primeiro momento, o Planalto reagiu rápido. Em entrevista coletiva, o agora advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, rebateu ponto por ponto do suposto depoimento.

No meio da tarde, advogados de Delcídio Amaral afirmaram desconhecer os documentos publicados pela revista e negaram que ele já tenha feito a delação. De fato, formalmente, ainda há um pedido de colaboração premiada do senador sob a análise do ministro Teori Zavascki no STF.

SE a delação for autorizada, SE esse vier a ser de fato o seu conteúdo, e SE tudo ficar comprovado, a situação da presidente Dilma, de Lula e dos demais envolvidos ficará ainda mais complicada do que já está. Nesse caso, o impeachment seria apenas um primeiro passo. Muitos poderão rumar na direção do cadafalso.

Delcídio Amaral não é um simples operador ou empreiteiro, mas uma estrela cadente que pertenceu durante anos ao núcleo político dos governos petistas. Ele pode também ter coisas para contar desde o tempo em foi nomeado diretor da Petrobras, por indicação do PMDB, no governo FHC.

Todavia, por enquanto, seria prudente ir devagar com o andor, porque o santo na política, se existe, é de barro. Em resumo, uma bomba de lama foi jogada no ventilador. Sujou, do ponto de vista político e da opinião pública, mas ainda não quebrou ninguém. A Lava Jato poderá esclarecer todas essas questões. Para limpar a honra de quem for inocente ― ou derreter reputações e levar ainda mais gente para a prisão. A conferir.

I.C.M.

(Publicado originalmente no LinkedIn)

Postado em: Política, Posts

Comentários

Sem respostas para “Bomba, bomba em Brasília!”

Sem comentários por enquanto.

Deixe um comentário