Todos os jornais finalmente aprofundaram a cobertura e destacaram a questão que hoje é o maior motivo de preocupação em Brasília, tanto para o governo interino quanto para a nova oposição de plantão: afinal, qual é o placar atual do impeachment?
Esse foi o tema do meu relatório mensal, distribuído ontem, no início da tarde, exclusivamente para clientes.
Nos últimos dias, vários senadores que votaram a favor do afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff declararam que agora estão indecisos; ou até mesmo admitiram que podem rever suas posições no julgamento final do caso.
Uma coisa foi encontrar indícios de prática de crime de responsabilidade, que permitiram a abertura do processo. Outra, bem mais complicada, é provar, julgar e condenar. Essa é a avaliação do próprio relator do processo na Comissão Especial do Impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), conforme informou Vera Magalhães no mês passado, na coluna Radar, da Veja.
O afastamento de Dilma foi aprovado por 55 senadores, apenas um voto a mais do que os 2/3 necessários para o impeachment. Ou seja, com o mesmo quórum, se apenas dois senadores mudarem de ideia, o processo será arquivado e Dilma reassume a presidência da República.
Pelo menos 11 parlamentares declararam que agora estão indecisos. Os três que não compareceram à primeira votação ainda são uma incógnita.
O Estadão voltou a publicar hoje o seu Placar do Impeachment. Os números ainda são um tanto imprecisos, porque, além dos indecisos, vários senadores não foram encontrados e outros tantos não quiseram responder à pesquisa.
Segundo o levantamento, hoje haveria somente 35 votos confirmados a favor do impedimento.
Ontem, o presidente da Comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB) decidiu reduzir em 20 dias o prazo dos trabalhos. A defesa de Dilma protestou e recorreu ao presidente do STF, ministro Ricardo Lewandovski, que vai decidir em breve sobre essa questão.
A redução do prazo, segundo o que foi apurado pelos jornais, teria contado com o apoio do presidente interino, Michel Temer.
Se for mantida a decisão, a votação final do impeachment pode ocorrer já em julho, e não em agosto, como estava previsto.
Quem acompanha de perto a política, identifica rapidamente esses sinais. O lado que sente segurança na vitória tem pressa; o que teme ser derrotado tenta ganhar tempo.
Enquanto isso, os movimentos pró-impeachment estão desmobilizados. Parte da opinião pública deve ter a percepção de que o afastamento definitivo de Dilma já é um fato consumado.
Como se vê, não é bem assim.
O governo do PMDB parece ter receio de que a deterioração da economia, novos percalços e surpresas desagradáveis, que a toda hora despencam sobre Brasília, possam complicar ainda mais o cenário.
A guerra do impeachment será longa, sem tréguas, e com um desfecho, pelo menos por enquanto, ainda imprevisível.
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60 a favor do impeachment