A pesquisa do Datafolha, divulgada ontem, revela pontos interessantes a serem observados sobre o atual estado de espírito do brasileiro, em relação à crise política e ao processo do impeachment. Selecionei estes destaques do levantamento, sendo que alguns não foram publicados na imprensa até o momento :
- Em 20 dias, o número de entrevistados que se declararam favoráveis ao impeachment caiu de 68% para 61%.O tempo, aparentemente, joga ema favor do governo, depois do impacto das manifestações e do vazamento dos grampos. No entanto, novos fatos podem voltar a complicar ainda mais essa situação. É comum a opinião pública demonstrar certo cansaço com um assunto que parece não ter fim e não traz efeitos práticos e melhorias em seu cotidiano. É um fenômeno bastante estudado em Comunicação e que pretendo abordar em um próximo post.
- Acompanhando essa tendência, a avaliação negativa do governo teve uma queda de seis pontos percentuais (p.p.), para 63%.
- 60% consideram que Dilma e Temer deveriam renunciar. Nesse caso, haveria novas eleições para a presidência em 90 dias. Diretas, se a renúncia ocorresse este ano, e indiretas, no Congresso, caso eles renunciassem no ano que vem. Entre os entrevistados, 79% são favoráveis a nova eleição; 16%, contrários. A pesquisa, no entanto, não informa qual seria a alternativa defendida por esse grupo.
- 58% defendem que Temer também sofra impeachment, caso assuma a presidência no lugar de Dilma.
- Apenas 27% acreditam que ele faria um governo melhor que o atual. Para 37%, seria igual; para 26%, ainda pior.
- Para 40% dos entrevistados, Lula foi o melhor presidente da nossa história (eram 35% em março). FHC aparece na pesquisa com 14% das preferências.
- Se a eleição fosse hoje, Lula e Marina teriam cerca de 20% das intenções de voto. Nos cenários pesquisados, Aécio aparece sempre em terceiro lugar. Ele perdeu 10 p.p. das intenções de votos de dezembro para cá.
- Entre os possíveis candidatos, Lula tem a maior rejeição por parte dos entrevistados (53%), em pesquisa espontânea (em quem você não votaria de jeito nenhum?).
- 64% consideram ótimo ou bom o desempenho do juiz Sérgio Moro na Lava-jato; e 69% disseram que ele agiu bem ao divulgar os grampos.
- 54% acham que a Lava-jato vai até o fim das investigações; 38% disseram que vai parar, sem nenhum resultado.
Apesar dos números terem se mostrado menos desfavoráveis, Dilma e o governo não têm muito a comemorar. Ainda são bastante elevados os seus índices negativos de avaliação. No primeiro mandato, Dilma tinha 24% de avaliação negativa e 42% de ótimo e bom. Na faixa até 2 S.M., a avaliação positiva é de apenas 16%; 57% consideram o governo ruim ou péssimo. No Nordeste, 21% de positivo; e 47% de negativo. Como se sabe, esses são os principais redutos eleitorais do governo. No Sudeste, esses indicadores atingem 9% e 70%, respectivamente.
Em resumo: não está tranquilo e nem favorável. Para ninguém.
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